• 20 de novembro de 2025

Um dia de consciência para desmascarar a complacência

Celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, neste 20 de novembro, parece ainda mais urgente e necessário no Brasil. Este país que se orgulha da sua diversidade carrega, infelizmente, uma herança profundamente marcada pelo racismo institucionalizado, que insiste em negar sua existência enquanto perpetua sintomas brutais na sociedade. 

É um contrassenso doloroso que pretos e pardos, maioria da população, continuem sendo alvo insistente de violência, preconceito e exclusão. A hipocrisia de negar o racismo no Brasil tenta mascarar uma realidade insustentável – a brutalidade que atinge esses grupos é incontestável.

Celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra é um passo importante para a construção de um Brasil mais justo e igualitário, onde a história e a cultura do povo negro sejam devidamente valorizadas e respeitadas. É um convite à reflexão e à ação para que o racismo seja finalmente superado.

Recentes episódios em campos de futebol, o esporte mais amado do país, são exemplos claros dessa chaga. Um dos casos doeu na pele de todos os paraenses, independentemente de raça, credo ou cor. Na partida recente do Avaí contra o Remo, torcedores protagonizaram cenas deploráveis de injúria racial, um reflexo nada isolado, mas simbólico, da impunidade e da conivência que persistem.

Esses atos não são exceções: eles escancaram o racismo entranhado que permeia setores da sociedade, enquanto muitos fingem que o problema não existe ou tentam minimizar sua gravidade. E precisam ser punidos com rigor.

Na COP30, aqui na nossa casa, outro fato preocupante reforçou essa triste realidade. A postura do embaixador alemão, carregada de xenofobia, expôs também o racismo estrutural que pode surgir até nos espaços mais internacionais e oficiais – e que às vezes se reveste até de neonazismo, pela arrogância de mãos dadas com a intolerância manifestada por um diplomata. Logo ele, que carrega na própria história uma lembrança tortuosa. Ele que deveria ter habilidade em se relacionar com todos os povos, pela natureza de sua missão.

Em contrapartida, a presença das delegações africanas na conferência trouxe não só a celebração da vida, mas também a reivindicação legítima por fontes de energia sustentável, longe da discriminação e da marginalização. Esse contraponto realça a urgência de confrontarmos nossos próprios preconceitos e privilégios.

O racismo é ainda a pior tragédia da história da humanidade. Uma ferida que deixa marcas profundas e que o Brasil insiste em não tratar com a seriedade que merece. A promiscuidade com a desigualdade, o negacionismo e o silenciamento transformam-na em algo normalizado, estruturado e invisível para muitos. Celebrar o Dia da Consciência Negra é, portanto, um ato de resistência e denúncia frente a esse cenário dramático.

É hora de abrir os olhos e de reconhecer que o racismo é real. É institucionalizado e violento. É vergonhoso e cruel. É desumano. 

A consagração dessa data não pode ser apenas simbólica ou protocolar. Deve trazer à tona o grito das vítimas. Ecoar o clamor por justiça e pelo fim das desigualdades. 

O Brasil precisa urgentemente assumir a responsabilidade de construir uma sociedade verdadeiramente justa, onde o direito à vida, à cidadania e à dignidade de pretos e pardos não sejam só promessas vazias. E nem apenas uma data perdida nos 365 dias do calendário.

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