• 17 de outubro de 2025

Transporte fluvial para o Marajó preocupa com frequência de acidentes e ausência de fiscalização

Reprodução: redes sociais

O transporte fluvial para o Arquipélago do Marajó, no Pará, sofre com constantes acidentes e casos de naufrágio, ocasionados por excessos de passageiros e muito peso nas embarcações, resultado da falta de fiscalização contundente e regulação adequada.

Na noite de quinta, 16, a embarcação Marajó Norte quase afunda em águas marajoaras devido ao excesso de peso. Passageiros desesperados jogaram na Baía objetos e produtos pesados, até veículos, para evitar o naufrágio. Uma outra embarcação surgiu dando apoio, evitando uma tragédia.

Em nota, a Marinha do Brasil informou que tomou conhecimento do caso e disse que todos os passageiros foram resgatados por outra embarcação que navegava nas imediações, sem haver registro de feridos. Ambas seguiram viagem com destino ao município de Curralinho (PA). Uma equipe de inspetores navais da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), que realizava ações de fiscalização do tráfego aquaviário na região, foi acionada para verificar a situação da embarcação. Durante a inspeção, foi constatado que o ferry boat transportava carga acima do permitido e não possuía condutores regularmente habilitados, comprometendo a segurança da navegação e a integridade dos passageiros. O comandante da embarcação foi conduzido à Autoridade de Polícia Judiciária de Curralinho (PA) para a tomada das ações cabíveis e a embarcação foi apreendida, sendo retirada de tráfego. A CPAOR instaurou um Inquérito sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas e responsabilidades do ocorrido.

Já a Polícia Civil informou que, até o momento, o caso não foi registrado na delegacia que atende a área.

CASOS RECENTES

Este ano, vários acidentes e naufrágios já foram registrados no Pará, com casos chocantes e barcos de todos os tamanhos, que são a principal forma de locomoção em regiões banhadas pelas águas da Bacia Amazônica.

No início de abril, a Polícia Militar e a Capitania dos Portos foram mobilizadas para atender vítimas de um naufrágio parcial do barco Ana Clara II com 60 passageiros no Rio Paracauary, no arquipélago do Marajó. Todas as 60 pessoas que estavam embarcadas foram resgatadas, inclusive oito crianças. Também foi registrado um acidente fluvial sem vítimas em Itaituba, quando um barco com 50 passageiros adernou no Rio Tapajós, em agosto.

Mas, infelizmente, nem sempre o desfecho é feliz. Neste mês de outubro, faz dez anos que o navio Haidar naufragou no porto de Barcarena, causando um grande desastre ambiental e a morte de 5 mil bois que eram transportados vivos rumo ao Líbano.

Acidentes como estes, inclusive o que ocorreu sem vítimas fatais na última quinta-feira, são um retrato da vulnerabilidade do transporte fluvial. Em toda a região Norte, somente no ano passado, foram transportados pelos rios da região mais de 9,7 milhões de passageiros e cerca de 3,4 milhões de toneladas de cargas. Diariamente, milhões de pessoas utilizam os rios para viajar rumo às cidades maiores, e vice-versa, para trabalhar, estudar, fazer tratamento médico, levar e buscar encomendas, comprar e vender mercadorias ou simplesmente passear.

Muitas vezes, a história registrou tragédias nesses percursos. Em setembro de 2022, em um acidente próximo à ilha de Cotijuba, 22 pessoas morreram, incluindo três crianças, e 65 sobreviventes foram resgatados após o naufrágio de uma lancha que estava irregular e que saiu de Cachoeira do Arari, no Marajó, em direção a Belém.

Em agosto de 2017, o navio Capitão Ribeiro naufragou no Rio Xingu, entre Porto de Moz e Senador José Porfírio, no sudoeste do Pará, resultando na morte de 23 pessoas, e entrou para a lista dos maiores naufrágios já ocorridos no estado. Foi a sexta embarcação naquele ano, segundo o Corpo de Bombeiros.

Cortado por grandes rios e com muitas regiões acessíveis apenas por embarcações, o Pará tem dificuldade para fiscalizar tantas áreas, um trabalho feito principalmente pela Capitania dos Portos. Um dos piores acidentes já registrados na história aconteceu em janeiro de 1981 com o barco Novo Amapá, que partiu de Santana, no Amapá, e  afundou após bater em um banco de areia no Rio Cajari, próximo de Almeirim, no oeste do Pará, provocando a morte de mais de 300 pessoas.

Oito meses depois, foi o navio Sobral Santos que naufragou próximo ao porto de Óbidos, no oeste do Pará, deixando um saldo de 300 passaageiros mortos. Sete anos após essa tragédia, mais 57 pessoas morreram no naufrágio do barco Correio do Arari, que saíra de Belém rumo a Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó.

Desta vez, o socorro chegou a tempo, mas provocou cenas de desespero que foram capturadas por câmeras de celular e compartilhadas pelas redes sociais. O registro serve de alerta para que as pessoas procurem se certificar, antes de subir, se as embarcações estão seguras e dispõem de todos os equipamentos necessários para evitar ou sair vivo de um acidente.

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