• 15 de julho de 2025

MEC articula com Congresso mudanças em projeto que proíbe ‘aprovação automática’

Márcia Foletto/Agência O Globo

Representantes do Ministério da Educação (MEC) articulam, com apoio da base governista na Câmara, mudanças no projeto de lei que proíbe a progressão continuada nas escolas brasileiras. A proposta foi aprovada na Comissão de Educação na última quarta-feira, sob críticas de especialistas e entidades do setor.

A progressão continuada, chamada por críticos de “aprovação automática”, é uma estratégia adotada no ensino fundamental para evitar que alunos repitam de ano consecutivamente e, com isso, acabem abandonando os estudos. Segundo a organização Todos Pela Educação, ela consiste em permitir que os estudantes desenvolvam habilidades e competências ao longo de um ciclo mais longo do que um ano ou série.

Nesses casos, alunos com dificuldades de aprendizagem devem receber reforço escolar durante o ciclo, que costuma ter duração de três anos.

O projeto que tramita na Câmara, de autoria do deputado Bibo Nunes (PL-RS) e relatado por Nikolas Ferreira (PL-MG), propõe a exclusão da possibilidade de organização em ciclos e da progressão continuada da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). O texto ainda precisa passar pelo plenário da Casa.

Para interlocutores do MEC, a proposta ignora a realidade de estudantes com dificuldades de aprendizagem decorrentes de condições como transtornos do neurodesenvolvimento, deficiências ou outras necessidades específicas.

De acordo com apuração do GLOBO, a articulação no Congresso tem sido liderada pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). O relator do projeto, deputado Nikolas Ferreira, já discutiu o tema com o ministério.

A crítica também é compartilhada por representantes das secretarias estaduais de Educação. O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Zezinho Sobral, afirma que o projeto não leva em conta as especificidades dos alunos e invade o campo das práticas pedagógicas, que, na avaliação dele, devem ser orientadas por professores e gestores escolares.

— O aluno que tem dificuldade de aprendizagem, que tenha uma deficiência cognitiva, ele vai à escola pública e ele avança nas séries em função da sua idade. Esse é um processo de inclusão. Educação pública não é só aprendizagem, é também inclusão. Como é que eu vou fazer esse aluno seguir no fluxo se ele tem uma aprendizagem diferenciada? Ele vai deixar de evoluir na rede? Nós não podemos legislar sobre uma temática e não tratar das especificidades. — afirmou.

*Com informações de O Globo

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