- 19 de novembro de 2025
Governo da Alemanha se retrata após fala de chanceler e Senado aprova censura a Merz
O governo da Alemanha divulgou, nesta semana uma nota de retratação após as declarações do chanceler Friedrich Merz sobre Belém, feitas durante um discurso no Congresso Alemão do Comércio. Na mensagem oficial, o país afirma que Merz tem “grande respeito” pela realização da COP30 na capital paraense e elogia a “natureza impressionante” da Amazônia.
A nota reconhece que o chanceler lamentou não ter tido mais tempo para conhecer a região e destaca que ele pôde ter “uma pequena impressão da dimensão da paisagem” durante um passeio de barco pelo Rio Guajará. O governo também reiterou que Merz descreveu o Brasil como um “parceiro importante” da Alemanha e reafirmou o compromisso de contribuir de forma significativa para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma das apostas brasileiras para a COP30.
As declarações que motivaram a reação alemã foram feitas na sexta-feira (13), quando Merz afirmou, em tom de comparação, que todos os jornalistas que o acompanharam em Belém teriam ficado felizes em “retornar à Alemanha” após o evento. A fala foi divulgada pela emissora pública Deutsche Welle (DW) e gerou forte repercussão negativa entre autoridades brasileiras.
O comentário foi interpretado por parlamentares do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro, no Bundestag, como uma comparação desfavorável ao Brasil. A fala também repercutiu mal no governo do Pará, no Palácio do Planalto e no corpo diplomático europeu em Brasília.
A reação brasileira chegou ao Senado Federal, que aprovou nesta terça-feira (18) um requerimento do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) com voto de censura a Merz. O parlamentar classificou as declarações como “xenófobas”, “preconceituosas” e desrespeitosas com Belém e com o povo da Amazônia, destacando que a região é “patrimônio da humanidade”.
Zequinha afirmou que as falas do chanceler foram “superficiais” e “paternalistas”, e cobrou que países desenvolvidos assumam compromissos concretos para financiar a preservação da floresta. “A COP30 é uma oportunidade para que os países assumam compromissos reais e ambiciosos. Belém foi escolhida por estar no coração da Amazônia, onde se trava a batalha mais importante contra o aquecimento global”, declarou.