- 22 de outubro de 2025
Governador de Minas Gerais decide não participar da COP30 e reduz presença do estado no evento em Belém
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), optou por não participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para novembro em Belém (PA), decisão que na prática reduz significativamente a presença institucional do estado no principal evento ambiental do planeta.
A mudança também na reconfiguração do tradicional Minas Day, evento paralelo que, em outras edições da conferência, serviu como vitrine para apresentar políticas ambientais e atrair investimentos ligados ao estado. Desta vez, o encontro será deslocado para o Rio de Janeiro, durante a pré-COP, ficando fora da programação oficial da ONU em Belém.
A decisão ocorre em meio ao desgaste político provocado pela Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal em setembro. A investigação revelou um esquema de corrupção no setor de mineração mineiro, atingindo diretamente órgãos estratégicos da agenda ambiental, como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e a Agência Nacional de Mineração (ANM).
A operação levou à prisão de 22 pessoas, entre elas o então diretor da ANM, Caio Mário Seabra, e bloqueou R$ 1,5 bilhão em bens. De acordo com a PF, o grupo fraudava licenças ambientais, desviava rejeitos de ferro avaliados em mais de R$ 200 milhões e lavava dinheiro por meio de 42 empresas de fachada.
Os crimes investigados incluem organização criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, crimes ambientais e contra a ordem econômica. As apurações também indicam tentativas de interferência política para barrar a criação de unidades de conservação na Serra do Curral, tema que vinha sendo debatido na Assembleia Legislativa.
A decisão de afastar Minas da COP30 é vista como um gesto de contenção política em meio à crise. Ao se retirar da conferência, que tem como foco central a transição ecológica e o enfrentamento das mudanças climáticas, o governo mineiro enfraquece sua presença em um espaço onde estados e países reafirmam compromissos ambientais e projetam novas parcerias internacionais.
Para observadores, a ausência de Minas Gerais na COP30 representa não apenas um recuo diplomático, mas um vácuo simbólico: o estado que abriga algumas das maiores tragédias ambientais do país – como Mariana e Brumadinho – ficará à margem justamente do fórum global dedicado a discutir o futuro do planeta.