• 26 de setembro de 2025

COP30 abre caminho para o protagonismo das mulheres no combate à crise climática 

Reprodução: redes sociais.

Um estudo da ONG Justiça Climática Feminina já mostrou que as consequências da crise climática são piores para as mulheres do que para os homens, em todo o planeta. Essa constatação dá uma nova dimensão à participação das mulheres na Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, que terá lugar em Belém do Pará, em novembro.

Entre outras coisas, o estudo revela que, se a temperatura do planeta aumentar 3 graus, pelo menos 158 milhões de mulheres e meninas serão levadas à pobreza até 2050, em todo o mundo. Uma forma de evitar essa catástrofe é reconhecer os direitos, o trabalho e o conhecimento das mulheres, na hora de financiar projetos e redistribuir recursos econômicos, garantindo representatividade para as vozes femininas. E a COP 30 é uma ótima oportunidade para fazer isso, podendo promover reparações históricas.

O estudo demonstra que, além de ameaçar a vida em todos os sentidos e em qualquer lugar do mundo, a crise climática agrava as desigualdades na Amazônia, empurrando mais mulheres para a pobreza, provocando aumento na violência de gênero e estimulando a migração feminina para longe de suas terras de origem. 

De acordo com a ONU Mulheres, criada em 2010 para unir, fortalecer e ampliar a defesa dos direitos humanos das mulheres, o empoderamento feminino e a igualdade de gênero são fundamentais para alcançar a justiça climática e o desenvolvimento econômico justo, pois o papel da mulher é fundamental na liderança de soluções sustentáveis.

O estudo também demonstra que as mulheres da Amazônia desempenham papel vital nas ações de adaptação e resposta à crise climática, liderando a gestão de recursos naturais e a construção de redes de apoio.

As mulheres indígenas, por exemplo, e seus saberes tradicionais, têm um conhecimento ecológico passado de mãe para filha no manejo sustentável dos recursos naturais. Do mesmo modo é o conhecimento ancestral das quilombolas e dos grupos de mulheres extrativistas.

A presença das mulheres em espaços de decisão garante soluções práticas para enfrentar a crise climática, segundo Carlene Pristes, coordenadora de gênero da Malungo, organização que representa os direitos de mais de 600 comunidades na Amazônia. 

De acordo com ela, é uma atitude estratégica e não simbólica. “Somos diretamente impactadas pela crise climática, mas, ao mesmo tempo, somos guardiãs de práticas ancestrais de cuidado com o território e com a vida do nosso povo”, afirmou ela, em reportagem da Agência Pública. “Nossos quilombos vivem na Amazônia, cuidam da floresta, dos rios, das terras, e as mulheres têm um papel central nesse processo, tanto no trabalho coletivo quanto na preservação dos saberes”.

A participação das mulheres na COP30, em Belém, será um dos pontos centrais do evento, com um esforço notável para colocar a perspectiva de gênero no protagonismo das discussões climáticas. O Ministério das Mulheres lançou um plano para fortalecer a agenda de gênero na COP30. A iniciativa busca consolidar o protagonismo feminino na política climática global, destacando a necessidade de justiça climática e de gênero.

O evento contará com um espaço dedicado a debates e iniciativas sobre políticas de gênero, clima e defesa territorial, com a participação de lideranças femininas dos movimentos sociais. E também terá programas de formação inéditos em gênero, clima e território, como aqueles que já começaram a preparar lideranças femininas para atuar estrategicamente na conferência e pós-conferência.

Uma parceria entre o Ministério das Mulheres e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) foi firmada para fortalecer a participação de mulheres e jovens na COP30. Além disso, a participação feminina na COP30 enfatizará a busca por justiça climática e socioambiental, abordando os impactos desproporcionais da crise climática em grupos vulneráveis, incluindo mulheres negras, indígenas, quilombolas e periféricas. 

É certo que a participação efetiva das mulheres será um dos pontos altos da COP30. Mas essa ainda é uma realidade em construção. Enquanto Belém se prepara com obras que mudam a paisagem da capital paraense e discursos ecoam de todo o canto em defesa do clima, mulheres indígenas, quilombolas e periféricas ainda batalham para estabelecer sua presença marcante no evento. Uma luta por inclusão nos ambientes de decisão que sempre silenciaram as vozes femininas. 

Um dos indicadores que deverá mudar nesta COP30 é o de participação efetiva da mulher. Dados do Painel de Gênero da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) revelam uma desigualdade histórica: apenas 30% a 35% dos representantes das nações das COPs são mulheres, com avanço lento rumo à paridade de gênero.

Até 2019, o número de mulheres como chefe de delegação chegou a 27%. Em 2022, na COP27, subiu para 34%. Além disso, nas 29 edições anteriores da COP apenas cinco mulheres chegaram a presidir o evento. Uma declaração de Marinete Tukano à Agência Pública mostra a motivação da mulher da Amazônia a mudar essa realidade nesta COP30. “Nós, mulheres, carregamos no corpo o território. Nossa luta é pela vida, pela floresta e pela nossa existência”, diz a coordenadora da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira.

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