• 26 de outubro de 2025

Quem se opõe à Avenida Liberdade sacrifica a razão no altar da utopia

Reprodução: Edivaldo Sodré / Ag. Pará

Já vimos esse filme muitas vezes. É hora de mudar de tela. O dilema em torno da construção da Avenida Liberdade é atiçado por uma minoria que, em prol do ideal inalcançável, ignora os fatos, a lógica e o bom senso.

Enquanto cidadãos comuns clamam por desenvolvimento, oportunidades, infraestrutura e qualidade de vida, a voz de uma nova casta de oráculos eleva-se, proclamando que a virtude reside na estagnação. Para estas modernas pitonisas, a construção da Avenida Liberdade não é apenas uma obra de engenharia, mas um sacrilégio, uma afronta à pureza de um Éden que, curiosamente, jamais existiu.

Os puristas são os verdadeiros sacerdotes da negação. Sua religião não é o culto à natureza, mas o culto à sua própria impotência. Deve-se aceitar o dom da natureza, mas não para cultuá-la e sim para dominá-la sem destruí-la, transformando as paisagens, com o devido cuidado, para construir um futuro mais justo e próspero, para todos e não para privilegiados.

Se o pensamento dos puristas vencesse, jamais teria sido implantada, por exemplo, a estrada de ferro de Bragança, que, no passado, abriu caminho para uma nova prosperidade. Nunca teriam sido construídas as hidrelétricas de Tucuruí e Belo Monte, que no presente ajudaram a produzir energia elétrica limpa. E quem irá dizer que não existe razão na construção desses marcos de crescimento econômico para o Pará e o Brasil?

O raciocínio purista também teria impedido a construção do Porto de Vila do Conde, que ampliou a capacidade logística e impulsionou a economia local e as exportações que dão peso ao Pará na balança comercial. Um pouco mais atrás, que legado teria deixado para Belém o intendente Antônio Lemos, se a cultura do intocável tivesse impedido a implantação de avenidas, espaços públicos e infraestrutura urbana inspirada em modelos europeus, no final do século XIX e início do século XX?
Grandes obras de infraestrutura e urbanismo marcam períodos fundamentais no crescimento e modernização de Belém, da mesma forma que a Avenida Liberdade busca hoje melhorar a mobilidade, integrar regiões e promover o desenvolvimento econômico da capital paraense.

Em prol do desenvolvimento da região, obras como a Avenida Liberdade são necessárias e podem coexistir com a conservação ambiental quando acompanhadas de medidas eficazes de mitigação e compensação. A avenida Liberdade prevê isso: passagens de fauna, plantio para recomposição ambiental, barreiras acústicas, atendimento a populações locais.

Negar o crescimento urbano em nome de um mito impede avanços sociais e econômicos importantes. É possível, sim, defender o progresso e a infraestrutura moderna, oferecendo qualidade de vida à população e oportunidades econômicas, sem ignorar a importância da preservação ambiental, mas com uma visão crítica que supera o romantismo da “floresta intocada”. O desafio é construir com responsabilidade, ciência e respeito às comunidades, promovendo o desenvolvimento sustentável compatível com o legado milenar da Amazônia.

A Avenida Liberdade é um marco estratégico, integrando Marituba, Ananindeua e Belém por uma via moderna e eficiente. Esta obra não é apenas uma via rápida; é uma transformação na mobilidade urbana que permitirá reduzir significativamente o tempo de deslocamento, de quase uma hora para cerca de 10 minutos, promovendo qualidade de vida e fluidez no trânsito. Além disso, sua construção responde a uma demanda antiga, planejada desde 2012, e vem sendo debatida e aprimorada com a participação da sociedade.
A tensão entre o crescimento econômico e a necessidade de proteger a vida é um dilema moderno que haverá sempre de preceder qualquer intervenção urbana. Mas defender a floresta intocada equivale a ignorar as necessidades humanas e o bem-estar social provocado por obras históricas. Cidades e pessoas dependem de estradas, pontes e avenidas para acesso a serviços essenciais como saúde, educação, emprego e mercado consumidor.

A ideia de que a natureza só tem valor quando isolada da presença humana é uma visão limitada que nega o potencial de uma relação produtiva e respeitosa. A implantação de uma avenida, embora implique na supressão de uma parcela de vegetação, pode trazer benefícios substanciais para as comunidades locais e para o desenvolvimento regional.

A avenida Liberdade chega para romper com a dinâmica exaurida da entrada e saída de pessoas e veículos em Belém, que já foi comparada a um balão de borracha, que se infla e desinfla e acabará se rompendo. A avenida Liberdade ajuda a controlar esse ciclo, evitando que a cidade fique permanentemente “inflada” em congestionamento e caos.

Derrapar no radicalismo ou no preservacionismo cego é ignorar as necessidades humanas e a história do desenvolvimento. Um luxo que Belém não pode mais se dar.

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