- 22 de outubro de 2025
A três semanas da COP30, cientistas pintam cenário catastrófico se mudanças no clima não forem contidas
A três semanas da Conferência Mundial sobre Mudanças no Clima em Belém, um relatório produzido por cientistas e jornalistas respeitados descortina um cenário catastrófico no mundo caso mudanças efetivas de proteção ao planeta não sejam tomadas com urgência.
O relatório foi divulgado pela Atribuição Climática Global (WWA) e pela Climate Central. A WWA é uma colaboração entre acadêmicos que estudam a causa e as influências das mudanças climáticas em eventos como ondas de calor, enchentes e secas. A Climate Central é uma organização internacional composta por jornalistas e cientistas que fornece informações sobre mudanças climáticas para a sociedade.
De acordo com o relatório, divulgado pela CNN, as metas atuais de redução das emissões de gases de efeito estufa poderiam evitar até 57 dias a mais de calor extremo por ano. Em 2015, com o Acordo de Paris, as principais nações do planeta firmaram o compromisso de manter o aumento da temperatura média global em 1,5 graus Celsius.
Mas nos últimos anos, o teto se aproximou e já foi registrado aquecimento de aproximadamente 1,4 graus em relação aos níveis pré-industriais, formando ondas de calor mais intensas e duradouras.
Amazônia
Na região amazônica, o desmatamento, as queimadas e a poluição dos rios são causas do aquecimento, que agrava a crise climática – tema a ser debatido na COP30 em Belém.
Os efeitos desse agravamento já são visíveis: alteração nos padrões de chuva, escassez de água em alguns períodos e insegurança alimentar em comunidades indígenas e ribeirinhas. Nas grandes cidades, como Belém, o aumento do calor sobrecarrega os serviços públicos de saúde, pressiona o abastecimento de água e energia elétrica e eleva a vulnerabilidade das populações mais pobres.
No Pará, mais de 40 cidades enfrentaram mais de 150 dias de calor extremo em 2024, deixando vulneráveis cerca de 4 milhões de pessoas.
Mundo
A CNN cita eventos extremos recentes, como as temperaturas recordes na Europa em 2023, que provocaram 46 mil mortes, e ondas de calor intenso no sul dos Estados Unidos e no México em 2024. Nesse caminho, estima o estudo, a temperatura média global poderá subir pelo menos 2,6 graus Celsius até o final do século.
Segundo estudos da Organização Mundial de Saúde, o calor extremo causa grande impacto nos seres humanos. Provoca náuseas, tonturas e desidratação. A exposição a temperaturas elevadas pode causar a deterioração de nossas células e tecidos, acelerando o envelhecimento biológico.
As mudanças climáticas já estão tornando as ondas de calor mais frequentes, adverte o relatório. Todos os anos, cerca de meio milhão de pessoas morrem por causa do calor extremo, que também ameaça ecossistemas. Alguns deles, como os recifes de corais, estão à beira do colapso.
A Amazônia, segundo alguns cientistas, está muito próxima de um ponto de não retorno, quando a floresta perderia sua capacidade de autossustentação, transformando-se em um ecossistema totalmente degradado até 2050.