Região Metropolitana de Belém registrou 292 tiroteios no primeiro semestre de 2025, segundo Instituto Fogo Cruzado

Quase dois tiroteios por dia e 46 pessoas baleadas por mês. Esses são os números alarmantes do primeiro semestre de 2025 na região metropolitana de Belém, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado. Ao todo, foram registrados 292 tiroteios ou disparos de arma de fogo entre janeiro e junho, com 220 mortos e 54 feridos — totalizando 274 vítimas baleadas.

Embora o número total de tiroteios tenha recuado em relação ao mesmo período de 2024 (quando foram 312 ocorrências), a letalidade cresceu em recortes específicos, como em chacinas, ações policiais e mortes de idosos.

Ações policiais lideram tiroteios mais letais

Dos 292 tiroteios registrados, 139 ocorreram durante ações ou operações policiais, representando 48% do total e um aumento de 9% em relação a 2024. Todos os episódios de chacina (quatro no total) ocorreram nesse tipo de ação, com 14 mortos — crescimento de 16% no número de vítimas em comparação ao ano anterior.

Em Santa Izabel do Pará, o número de baleados em ações policiais subiu 133%. Já em um caso que chocou a comunidade, uma ação policial resultou em três mortes dentro de um território quilombola — aumento de 50% em relação ao semestre anterior.

Belém lidera em tiroteios, mortes e feridos

A capital paraense concentra os maiores índices de violência armada na região metropolitana. Belém registrou:

• 145 tiroteios
• 91 mortos
• 29 feridos

Na sequência estão Ananindeua, Marituba e Castanhal. Os bairros mais impactados foram:

• Icuí-Guajará (Ananindeua): 12 tiroteios, 11 mortos
• Cidade Nova (Ananindeua): 12 tiroteios, 8 mortos
• Guamá (Belém): 11 tiroteios, 8 mortos
• Marco (Belém): 10 tiroteios, 6 mortos
• Telégrafo (Belém): 10 tiroteios, 8 mortos

Casas e carros seguem como principais palcos de violência

Entre os 274 baleados no semestre:

• 30% foram atingidos dentro de casa
• 15% em veículos
• 11% em bares

Ainda que o número de vítimas baleadas em residências tenha caído (30 em 2025 contra 43 em 2024), os casos em automóveis cresceram 7%. Não houve registros de vítimas em transporte público neste semestre — uma redução de 100% em relação ao mesmo período anterior.

Cresce número de vítimas idosas; feminicídios dobram

O único grupo etário com crescimento no número de mortes foi o de idosos: quatro foram assassinados por armas de fogo neste semestre — aumento de 33% em relação a 2024. Três adolescentes também morreram após serem baleados.

O número de feminicídios dobrou, passando de um para dois casos. A quantidade total de mulheres mortas por violência armada cresceu cerca de 16% no período.

Agentes de segurança: queda nas mortes, mas alta em baleamentos

O total de agentes de segurança mortos caiu de 23 em 2024 para 13 em 2025. No entanto, os baleamentos de policiais civis aumentaram 200%, subindo de um para três casos no semestre.

Sobre o Instituto Fogo Cruzado

O Fogo Cruzado é um laboratório de dados sobre violência armada que atua com base em metodologia própria e colaborativa. O instituto produz indicadores inéditos sobre tiroteios nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belém. Seus dados são públicos, verificáveis e acessíveis por aplicativo ou pela API do instituto.

*Com informações de Fogo Cruzado.