- 16 de julho de 2025
Governo Trump impõe tarifa de 50% ao Brasil e Fiepa alerta para impactos na indústria do Pará
Seguindo em sua política comercial agressiva, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, mira agora o Brasil, ao impor tarifa de 50% aos produtos brasileiros, provocando tensão na relação entre americanos e brasileiros, historicamente parceiros comerciais. O presidente Lula reagiu e decretou a lei de reciprocidade comercial, que autoriza o governo brasileiro a suspender concessões comerciais, de investimentos e de obrigações a países que imponham barreiras unilaterais aos produtos do Brasil no mercado global.
No Pará, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) manifestou, nesta semana, preocupação com a decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, o que, segundo a entidade, representa uma ameaça direta ao desempenho da economia paraense.
A medida americana, ainda sem prazo definido para revisão, incide especialmente sobre produtos estratégicos para o Pará, como alumina calcinada, ferro fundido, alumínio, madeira e derivados da mineração, impactando setores que respondem por mais de 80% das exportações estaduais, de acordo com comunicado da Fiepa.

A entidade lembra que o Pará ocupa atualmente a 8ª posição entre os estados que mais exportam para os EUA e a 12ª entre os que mais importam, mantendo uma relação comercial sólida e próspera com o país norte-americano há décadas.
Somente entre janeiro e junho de 2025, o Estado exportou US$ 569 milhões aos EUA, crescimento de 43,08% em comparação com o mesmo período do ano anterior. No sentido oposto, as importações somaram US$ 466 milhões, com alta de 62,36%.
Entre os principais produtos importados pelos paraenses dos EUA estão soda cáustica, gás natural liquefeito, dumpers e coque de petróleo calcinado — todos insumos estratégicos para a indústria local.
Impactos
A FIEPA alerta que o chamado “tarifaço” pode provocar efeitos em cadeia, afetando produção, logística, arrecadação e empregos em áreas estratégicas para o estado:
Mineração e metalurgia
- Setores concentram 80% das exportações do Pará.
- Possível perda de competitividade internacional, paralisação de contratos e impactos sobre portos, ferrovias e empresas de energia e serviços industriais.
Agroindústria
- Exportações indiretas afetadas: com o redirecionamento de carnes e grãos do Sul e Sudeste para o mercado interno, o Pará enfrentará maior concorrência nacional.
- Pequenas e médias indústrias do sudeste paraense são especialmente vulneráveis à perda de mercados.
Setor madeireiro
- Os EUA são destino de mais de 40% da madeira exportada pelo Pará.
- A tarifa compromete a competitividade internacional do setor e pode afetar diretamente a sustentabilidade econômica e ambiental da região.
Ainda segundo a Fiepa, o medida americana também pode provocar uma retração econômica direta, com base em estudos da CNI:
- Exportações paraenses podem cair 0,363%;
- O PIB estadual pode sofrer redução de 0,1452%;
- O nível de emprego formal tende a encolher em 0,0305%.
Municípios como Parauapebas, Marabá e Barcarena, que concentram a produção e exportação mineral, estão entre os mais impactados, com risco de demissões em massa e queda na arrecadação de ICMS e ISS.
Diálogo e articulação
Para mitigar os efeitos da nova tarifa, a FIEPA sugere um conjunto de ações coordenadas entre o estado do Pará e o governo federal:
- Diplomacia ativa: articulação direta com o Itamaraty e órgãos de comércio exterior;
- Apoio emergencial aos setores impactados: linhas de crédito, incentivos e compensações;
- Diversificação de mercados: com foco em Ásia, Oriente Médio e África;
- Agregação de valor: incentivo à industrialização local e redução da dependência de commodities;
- Criação de um comitê de crise estadual para monitoramento e resposta rápida aos impactos.
A entidade se alinha à Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao afirmar que a medida tarifária dos EUA não tem base técnica nem econômica e defende que qualquer mudança nas relações comerciais seja precedida de amplo diálogo diplomático e técnico entre os países.
“O mais importante, neste momento, é preservar a soberania nacional, manter empregos e investimentos, e evitar impactos severos ao desenvolvimento industrial — especialmente em estados como o Pará, que têm nos EUA um parceiro estratégico há décadas”, afirma o comunicado da entidade.
*Com informações de Fiepa.
